22/03/2012

Lourdes Castro

Nasceu no Funchal em 1930. Veio para Lisboa com 20 anos para frequentar o curso de pintura na ESBAL. Passou por Munique e Berlim mas fixou-se em Paris até 1983, ano em que regressou à Madeira, onde reside.


Em Paris fez parte dos fundadores do KWY que juntava um grupo de artistas emigrantes de diversos países, editaram 12 números da revista com o mesmo nome.
Reinava a Pop Inglesa, Novos Realismos e culto dos objetos. Lourdes Castro encontrou assim o meio ideal para prosseguir as suas experiências fora da pintura.



Dedicou a sua atividade artística a uma pesquisa constante em torno da sombra. No início da década de 1960 colecionava objetos do quotidiano como caixas, caricas, colheres, conchas da sopa e pintava tudo com tinta prateada, de alumínio. Depois começou a pintar só os contornos das peças e cada vez mais foi ficando
só a sombra.

“Ninguém liga às sombras, são de deitar fora, sempre gostei das coisas sem importância. Escolhemos consoante o nosso feitio. Tudo é impermanente e não há um igual ao outro. É preciso dar-se conta das coisas para não repetir”.



Começa também a introduzir a cor no seu trabalho, uma cor uniforme - o vermelho, o azul ou o verde, por exemplo. Estas pesquisas sobre sombras e contornos passam da serigrafia à tela e do plexiglass ao pano, que recorta manualmente e joga com várias placas para atingir o jogo de sombras. As sombras deram origem a lençois bordados e algumas tapeçarias a cargo da Manufatura de Tapeçarias de Portalegre. Foram também adquiririndo novas formas, sombras projetadas e contornos, passando pelo “Grande Herbário das Sombras” ou pelos seus conhecidos “Álbuns de Família”.
Na segunda metade da década de 1970 produz, primeiro com René Bertholo, depois com Manuel Zimbro, um Teatro de Sombras onde junta cenas do quotidiano a outras situações onde o maravilhoso e o fantástico se revelam.




Fez inúmeras exposições e a sua obra encontra-se em diversas coleções públicas e privadas em Londres, Havana, Belgrado, Varsóvia, Lisboa e Porto e muitos outros sítios.
Em 2000, representou Portugal na XVIII Bienal de São Paulo. O seu trabalho tem sido distinguido com muitos prémios como O CELPA/Vieira da Silva, Grande Prémio EDP ou prémios da Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA), em parceria com o Ministério da Cultura.
Quem a conhece admira a sua atitude perante a vida, o seu despojamento das coisas materiais, o proporcionar felicidade aos outros com pequenos gestos e o seu contacto com a natureza.

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